quarta-feira, 18 de junho de 2008

Polipílula pode ser alternativa para pacientes cardiovasculares

As doenças cardiovasculares, como o infarto do miocárdio e o derrame cerebral, causam cada vez mais mortes no Brasil. Para evitar esses episódios, pacientes que têm maior risco de complicações são orientados a tomar cerca de três medicamentos por dia, como forma de prevenção. Mas um estudo que está sendo realizado nos Estados Unidos pode transformar todos esses remédios em apenas um comprimido: a polipílula.

O assunto foi debatido no Congresso Mundial de Cardiologia, que ocorreu em maio, em Buenos Aires , na Argentina. Segundo o cardiologista do Hospital VITA Batel, Tufi Dippe Jr., que esteve no encontro, a polilpílula reunirá três ou mais medicamentos como as estatinas (redutoras de colesterol), os anti-hipertensivos (para reduzir a pressão arterial) e o ácido acetilsalisílico em dose baixa (popularmente conhecido como aspirina infantil, que reduz a chance de formação de trombos).

Os componentes individuais da polipílula, ou seja, cada um dos medicamentos citados acima, já foram testados em milhares de pacientes. Os estudos agora querem comprovar se os componentes, que atualmente são ingeridos isoladamente, terão o mesmo efeito se unificados na polipílula, já que cada um apresenta propriedades farmacológicas distintas.

“Estima-se que ao somar o efeito protetor desses três grupos de drogas, o risco de um infarto do miocárdio, morte cardíaca ou derrame cerebral seria reduzido em pelo menos 80%”, explica Dippe Jr..
A nova fórmula deve estar disponível no mercado daqui a pelo menos cinco anos, quando for demonstrada sua eficácia e segurança. Será uma alternativa para indivíduos de maior risco, como pessoas com mais de 55 anos, portadores de doenças cardiovasculares de qualquer idade e diabéticos com mais de 35 anos.

Para o cardiologista, o conceito da polipílula é atrativo, pois tornaria o tratamento mais fácil, já que menos comprimidos seriam tomados por dia. “Embora teoricamente interessante, o conceito da polipílula ainda carece de mais comprovações científicas para que seu uso possa ser propagado como uma medida efetiva e ampla para a prevenção das doenças cardiovasculares”, observa Dippe Jr..